Sempre fui menina de cidade. Nasci e fui criada em Lisboa. As minhas memórias de infância contêm o sabor das torradas da antiga Pastelaria Roma, a frescura dos gelados no cinema Londres, as cores das montras da Guerra Junqueiro e o ainda muito verde dos jardins da Alameda.
Cresci e passei para os arredores, próximos, de Lisboa. Sempre com o centro por perto, o movimento, as luzes e o frenesim. Nunca pensei que algum dia seria capaz de abdicar deste urbanismo.
Hoje, estou no campo. Perto de Lisboa (40 min), é um facto, mas no campo. Não tenho centros comerciais num diâmetro considerado confortável, nem Caixas Multibanco por cada 100 metros. E a verdade é que estou a adorar. Respiro melhor. Durmo melhor. Conheço uma realidade de vida tão diferente daquela que sempre foi a minha, mas igualmente boa. Mais calma, mais verde, mais saudável. É notório que sou uma leiga na matéria rural. Abstenho-me de fazer muitos comentários para não chocar as gentes da terra. Mas observo-os, e aprendo. E, um dia, vou saber também.
Não abdico do meu urbanismo durante o dia, mas gosto cada vez mais do verde que acompanha os meus fins de dias e de semana. Um Verde vida.