quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Ele conta os dias.



Todos os dias, ao acordar, este meu senhorinho vai buscar o iPad, selecciona o Calendário e, ansiosamente, conta os dias que faltam para ir buscar o "nosso cãozinho". Depois, com os olhos brilhantes, diz-me "Mamã, mamã, já só faltam poucos dias!".

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E o meu medo é que aconteça algo que impeça este encontro. Estamos numa das semanas "-" da Teresinha e, se piorar, posso mesmo ter que cancelar a viagem (é que teremos que fazer muuuuuuuuuitos quilometros para ir buscar o próximo membro da família). E o desgosto seria irremediável.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Muitos mais braços têm as Mães.


Já comprei a casa do cão. Já comprei a mega caixa transportadora (para cães de "raças gigantes"). Já comprei a cama. Já comprei coleira, trela, bola e corda de roer. Já comprei 15 Kg de ração.

E comprei tudo hoje!
E comprei tudo hoje, com o MM.
E comprei tudo hoje, com o MM, e com a MT.
E comprei tudo hoje, com o MM, com a MT, e em três horas.
E comprei tudo hoje, com o MM, com a MT, em três horas, e parei para o MM fazer xixi.
E comprei tudo hoje, com o MM, com a MT, em três horas, parei para o MM fazer xixi, e depois parei para mudar a fralda à MT.
E comprei tudo hoje, com o MM, com a MT, em três horas, parei para o MM fazer xixi, depois parei para mudar a fralda à MT, e depois parei para dar lanche aos miúdos.
E comprei tudo hoje, com o MM, com a MT, em três horas, parei para o MM fazer xixi, depois parei para mudar a fralda à MT, depois parei para dar lanche aos miúdos, com um numa mão, a outro no carrinho na outra mão, numa mão invisivel que não sabia ter, um carrinho de compras e, basicamente na cabeça, o tabuleiro com o lanche.
E comprei tudo hoje, com o MM, com a MT, em três horas, parei para o MM fazer xixi, depois parei para mudar a fralda à MT, depois parei para dar lanche aos miúdos, com um numa mão, a outro no carrinho na outra mão, numa mão invisivel que não sabia ter, um carrinho de compras cheio e, basicamente na cabeça, o tabuleiro com o lanche, e fiz várias piscinas para o carro para conseguir encaixar tudo, e tive que reestruturar o carro para não deixar nada/ninguém de fora. E com eles. E com tudo.

Chegaram até aqui? Cansados?
Também eu.
A maternidade é uma espécie de adrenalina que nos dá poderes que até então desconhecíamos. No meu caso, posso testemunhar que multiplica braços.
Agora vou ali desmaiar.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

17, do que a vida melhor contém.



A Teresinha faz hoje (mais precisamente às 14h10), 17 meses.
E tanto haveria para escrever, sobre tudo o que esta criança me tem dando ao longo destes 17 felizes meses.  E é tão bom quando a felicidade não nos cabe nas palavras que a vida nos ensinou, e as ultrapassa. E a maternidade é um desses raros casos de felicidade indescritivel.

E, pelo exposto em cima, para marcar a data, não vou escrever sobre o que eu sinto, mas sobre o que tu és, Teresinha, como tu és, pois tu sim mereces o protagonismo.

És uma menina, acima de tudo, doce. Adoras carinho, manifestações deste. Beijos ao Pai, beijos ao mano, beijos lambuzados, doces e mimosos, a mim. Adoras que te dê beijinhos nos pés quando te mudo a fralda. Se me esqueço, relembras-me e balanças a perna no meu sentido com um sorriso sedutor.

És extremamente ágil e desembaraçada. Compreendes tudo o que te dizem, mesmo instruções com referência a acções, objectos e locais na mesma frase. Surpreendes-nos constantemente com tamanha perspicácia.

Não dizes muita coisa perceptível a todos, mas és uma comunicadora nata. Que se entenda, dizes: "Olá", "Mamã" (que sou eu e o Pai (!)), "Biáuuu" (Miguel), "Am, dã, tês" (1,2,3 com sotaque françes) e "Obiá" (Obrigada).

A tua brincadeira preferida é passear a botas cá de casa. Todas as de cano alto, e andar com elas da sala para o quarto, deste para o corredor, arrumá-las, dessarumá-las e olhá-las. Tens um fascínio por botas (o que até consigo compreender lindamente...).

O teu local de eleição, em casa, é a minha máquina de ginástica. É lá que te sentas para ver desenhos animados, é para lá que vais logo que chegas a casa, inclusivamente é lá que, com efectivamente muita ginástica, te tentas deitar e descansar.

Se precisas da minha atenção e tens dificuldade em consegui-la recorres ao golpe fatal: "Dó, dó", franzes o sobrolho e esticas o dedo, a jeito de quem se magoou muito.

Adoras piscar o olho ao teu Pai, e desafiá-lo quando sabes que fazes o que não deves.

Encantas-te com as gargalhadas do Mano e não dispensas uma corrida com ele, sempre precedida do "Am, dã, tês".

Namoras constantemente comigo. Encostas a tua cabeça à minha e sugeres-me beijinhos na testa, no nariz, nas bochechas. Encostas o teu nariz ao meu e, com uns olhos brilhantes, sugeres que me adoras. Encostas a tua boquinha rosada à minha, fazes-me festinhas pelo cabelo e sugeres que me amas.

E eu a ti.
Gosto-te, Adoro-te, Amo-te, minha Teresinha. Tanto. Tanto.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Cruzado, mas pouco.


"Mamã, gosto muito de estar assim mascarado, mas não gosto nada de estar nesta confusão, cheia de gente. Vamos embora?...".

Pouco dado a Carnavais, este meu adorável Cruzado.

Pequenos Artistas.


Ontem foi assim, a minha manhã.
Sorridente, deliciosa e cheia de ternuras partilhadas.
Ensinei os pequeninos a fazer bolinhos, e eles ensinaram-me a ficar ainda mais feliz.
Se eu fosse rica, todos os meus dias seriam assim.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Pais fora, dia de borga na casa.


Agora que o meu estilo de vida me permite, muitas vezes, estar em casa em horário peak dos Pais, passei a crer seriamente no ditado popular "A ignorância é santa"... e só vos digo, não queiram saber o que os vossos filhos adolescentes fazer na vossa ausência. E sim, precisamente nesses períodos de tempo em que supostamente estão no liceu... Pois.

E sim, também eu já fui adolescente.
Mas os tempos são outros, ah pois são.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

A Determinação.


Se existisse uma só palavra que caracterizasse o meu filho nos últimos dias, essa palavra seria Determinação.

Isto é para ti, Miguel Maria.

Faz hoje uma semana que me ouviste falar ao telefone, estava eu a ultimar os detalhes para o encontro com a actual dona do muito provável próximo membro da família. No fim, questionaste-me "Vamos mesmo ter um cãozinho, Mamã?". Confirmei.

Momentos depois, estava eu na cozinha, quando entraste e num tom muito sereno, me abordaste: "Mamã, já não vou usar chuchinhas. Vou guardar todas num saquinho e dar ao nosso cãozinho.".
Eu ainda pensei não ter entendido bem. Parecia que o que dizias não fazia sentido pois estava absolutamente dessintonizado da realidade que eu conhecia: eras um menino muito dependente das chuchas para adormecer, inclusivamente dormias com alguns pares delas pois tinha o vício (que eu achava encantador...) de ir revezando as chuchas durante a noite. Quantas dezenas (centenas?) de noites me sentei á beira da tua cama, sem fazer barulho para não te acordar, e só a observar este teu movimento. Por outro lado, já há algum tempo que eu e o teu pai te andávamos a abordar para deixares as chuchas, porque estava crescido, porque poderia fazer mal aos dentinhos, porque tínhamos a certeza que serias capaz. Mas nunca insistimos nem te forçámos a nada. Sem sucesso. Essa era uma relação de dependência forte. De conforto, de refúgio, de consolo. E por saber que eram tão boas as sensações que tinhas, acabei por abandonar o assunto, com falta de coragem para te ver sofrer.

Por estes motivos, naquele momento, as palavras proferidas pela tua vozinha - segura, tranquila e determinada - pareciam não encaixar na minha cabeça. Ultrapassei o momento de dislexia e logo te apoiei, e motivei, e entusiasmei e tudo que pude para que sentisses como valorizava a tua atitude.

Achei admirável a tomada de decisão e fiquei francamente vaidosa pelo teu gesto, pela iniciativa e nobreza da acção mas, sabia que na "Hora Chucha" voltarias à tua fiel relação. Mas o que tinhas dito, o que tinhas demonstrado ser, já fora o suficiente para me encher de orgulho.

Mas as crianças têm a extraordinária capacidade de nos deixar incrédulos e absolutamente desarmados. Faz precisamente hoje oito dias que tomaste a tua decisão e nunca mais voltaste a usar uma chucha. Estão todas arrumadinhas na tua mochila que escolheste para dar ao cãozinho. Tens sofrido de forma vísivel e visceralmente dolorosa para mim, mas não cedeste. Quase eu te fiz ceder, questionando-te algumas vezes (perante  tua declarada ansiedade) se não quererias uma chuchinha, e sempre rejeitaste alegando que já não usavas chucha e eram todas para o cãozinho. E estão todas ali, à tua mão, acessíveis a uma regra quebrada, a uma batota que virtuosamente não fazes. E sofres. E choras inclusivamente de noite. Mas tens a tua determinação que te move. E tens quatro anos.

E eu duvido que esta fosse/seja uma adicção (pelo menos como o era para ti) menos viciante que o tabaco, o roer as unhas, o chocolate e outros que aprisionam tantos adultos.

E eu estou aqui pequenina, pequenina. Pequenina a vislumbrar a tua grandeza.
Mas estou também grande, enorme. Estou gigante com a certeza que, venhas tu a cometer os erros que cometas na vida, eu e o teu pai te passámos os valores e principios correctos, e hoje, agora, sinto um orgulho de ti, meu filho, que durará até depois da minha vida.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Tu sabes de mim.



MM: "Mamã, vem jogar comigo..."
Eu: "Querido, agora não posso. Vais ter que esperar."
MM: "Agora já não 'dou-te vestidos e 'puxeiras..."

Ele sabe.