E é findo o registo de férias. Entramos agora no registo misto: miúdos de férias, pai a trabalhar, mãe a trabalhar com o pai, e mãe a ocupar o restante período de férias dos pequenos.
Foram muitas manhãs de piscina. Tardes de sestas. Noites de filmes. Dias de convívio. Dias de muita gente.
Mas foram também muitas birras, imensa loiça para lavar, conversas amargas, alguém querido no hospital, amuos, pilhas de roupa para passar, picadas de melga, cocós dos cães para apanhar.
Estou a precisar de férias. Ser mãe a tempo inteiro coloca-nos constantemente em frente ao copo: meio cheio, porque parece que estamos de férias o ano inteiro; meio vazio, porque nunca temos férias.
E agora apetecia-me ter um bocadinho de descanso. Ter férias no que diz respeito a uma interrupção das rotinas mais cansativas, e da obrigações mais duras. E deitar-me despreocupadamente numa rede, adormecer profundamente, sem ter que planear as refeições e gerir a arca frigorífica, sem ter que estar a contabilizar as horas da digestão dos miúdos, sem os ouvir discutir pela disputa do comando, sem ter que saber responder a todos onde é que perderam as toalhas. Sem ter que esperar ver toda a família adormecer, satisfeita e tranquila, para finalmente adormecer. Sem ter que ter, sempre algo para fazer.
Estou cansada e preciso de férias.
Mas pode ser tão cru e deselegante expressar este sentimento, como é igualmente verdadeira a certeza de, um dia depois, ansear voltar às minhas férias imperfeitas.
É nelas que está quem eu amo. E o amor tem destas imperfeições.