quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Obrigada.


Obrigada. 
Não por ser Natal. Mas por ser urgente destacar o que é especial.

Obrigada a todos que, nos últimos dias nos têm dado o seu tempo. Tempo para escreverem, desenharem, ligarem, para esperarem na fila dos correios. Tempo para descreverem o que por aí se passa, por pedirem opiniões, por darem sugestões, por quererem saber e até fazerem acontecer. Existem dias em que não parece que somos a única familia portuguesa em St.Louis, pois a presença de tantos que nos são queridos, faz-se sentir em tantos momentos.

Este mês de Dezembro não é igual aos outros. Muitas coisas boas, outras menos boas. Obrigada a todos que se mantêm presente, dá trabalho e custa tempo, mas não há melhor presente que a presença.
Obrigada.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Aquela coisa da idade.



Aquela coisa da idade.

- "Mas mãe, como é que tu sabes fazer aquele passe de bola?"
- "Filho, eu fiz parte da equipa mista de futebol da minha escola, joguei muito!"
- "Ok, ok... Mas há aquela coisa da idade, mãe, podias já não saber...".

Depois disto merece ficar sem PlayStation durante três meses. No mínimo.


segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Thanksgiving


Thanksgiving.
Sobrevivi a esta prova. Ao contrário do Halloween que promove o convivio na comunidade, o Thanksgiving é mais virado para a familia, para o interior dos lares. As janelas das casas deixam trespassar os aromas de uma mesa cheia, e o volume de carros estacionados à porta denuncia reuniões de avós, pais e filhos. Fizemos o nosso Thanksgiving, assámos o perú, jogámos e passeámos. Mantivemos-nos ocupados e juntos, e celebrámos as nossas graças.
Afinal é disso mesmo que se trata, gratidão pelo que se tem, o resto, vai-se aprendendo a encaixar.
Thanksgiving is over. Now let's jump into Xmas mood!

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

À árvore da vergonha.


Quando, ainda em Portugal, falávamos sobre novos amigos, nova escola, novas experiências, a MT dizia-me que, por não saber falar inglês, nem conhecer ninguém, iria procurar uma árvore, encostar-se nela e não falaria com ninguém. Reconheci-lhe logo o feitio torcido, mas igualmente a sua doçura e destreza inata, para conquistar pessoas. Talvez fosse apenas o meu desejo de mãe a querer antecipar-lhe o conforto, mas consegui visualizá-la na árvore, porém rodeada de amigos, purpurinas nas mãos e unicórnios fingidos no ar.

Passaram três meses de novo país, cerca de dois meses de nova escola. Entra no carro de sorriso rasgado, cheia de planos para o seu “playdate”, com uma das sua novas amigas.

Acho que a árvore da vergonha, afinal, vai sentir a sua falta.

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Uma doçura de Halloween.



O Halloween nunca me seduziu. Sou das poucas pessoas que não passou parte da adolescência a ver filmes de terror, e a vibrar com a adrenalina do medo. Sou do clube da paz, tranquilidade e alegria. Vá, confesso que vi o "Entrevista com o Vampiro", mas aí valores mais  Brad elevados Pitt se impunham, se é que me faço entender. Mas terá sido o mais longe que fui na senda do sombrio.

Não muito tempo depois de termos chegado aos EUA, as montras cobriram-se de, ora abóboras sinistras, ora caveiras sangrentas. Sabia que dificilmente me seduziriam, e a minha veia mais consumista estaria perfeitamente protegida. Era esperar que passasse.

Entretanto a minha rua começou, gradualmente, a iluminar-se à noite. As decorações tão criativas, algumas interactivas começaram a despertar-me alguma curiosidade. Penso mesmo que, até mais do que os artefactos em si, era ver o brio e empenho que a comunidade incutia no décor de cada casa, loja e rua. Depois, começaram a chegar os trabalhos escolares relacionados com a temática, os convites para actividades familiares e, naturalmente, não me interessaria privar as crianças destes momentos de interação social. Sou muito devota ao meu país, mas também sou defensora de que, em país (ou mesmo casa) alheio, devemos ter a educação de respeitar as suas tradições e, dentro do possível, esforçarmos-nos por nos integrar nas mesmas (assim não vão estas contra os nossos principios).

O mês de Outubro estava prestes a terminar, e já eu tinha dois fantasmas à entrada de casa. T-.shirts decoradas. Bolachas no forno, sob a forma de esqueletos.
Halloween -1, Mãe - 0. Certo.

No dia 31, toda a comunidade se preparava para a grande noite. As crianças chegaram da escola e saltaram lanche, desenhos animados e bolas, para se comporem para a efeméride. Cada um com o seu disfarce preferido, afinal nem só de bruxas e zombies conta a história do Halloween americano, é uma festa de máscaras, e todas são bem-vindas. Os baldes de Treats preparados para adoçar os sustos que nos batessem à porta. As piadas decoradas para quem lhes pedisse um Trick. As luzes da entrada ligaram-se, código de consentimento em como estaríamos disponíveis para a festa.



Às 18h30, saímos para a rua. O bairro enchia-se de crianças que batiam às portas, enquanto os pais, sem enterferir na sua missão de colecionar doces, as vigiavam, uns metros atrás. Os vizinhos vinham para os jardins, acendiam fogueiras para acolher as crianças com mais luz e calor. E assim começava, no bairro, um desfile de máscaras, luzes, música mas, sobretudo, de convívio. Os mais idosos (muitas vezes já a morar sozinhos), eram os que mais empenho demonstravam na recepção, como que se esperassem há muito, na sua solidão, por este momento de alegria e partilha com a frescura infantil, talvez já esquecida. Faziam perguntas, elogiavam as máscaras, mostravam a bonecada interactiva, numa tentativa de fazer perdurar aquele momento de convívio, e finalizavam com  a retribuição em doces, canetas e autocolantes. Despediam-se, com olhos abrilhantados por uma denunciada saudade do passado.



O passeio pelo nosso bairro continuava e o "Trick or Treat" dava lugar às apresentações e às boas-vindas ao bairro. Ao mesmo tempo que as crianças queriam andar pela rua a explorar a animação de cada casa, também ansiavam por voltar à sua, e experimentar o lado de dentro da porta, o de receber a visita e retribuir com o melhor que conseguiram colocar em cada saco, que prepararam para a ocasião.

Por volta das 22h, as luzes das entradas de casa apagaram-se e a música parou. As pinturas faciais eram limpas, e os disfarces davam lugar aos pijamas. Na mesa de cabeçeira, um cesto-abóbora repleto de doçuras e brindes, de uma noite de diversão, há cerca de um mês a ser celebrada. Uma espécie de Natal anunciado.

As abóboras recortadas vão então servir de alimento aos animais, os fantasmas voltaram a dormir na garagem. As luzes vão agora dar lugar a outras. O sentimento de consumismo despropositado, de celebrações tontas sem propósito ou tradição, foi aqui arrumado e deu lugar ao carinho por uma festa que celebra, sobretudo, o convívio comunitário e onde, cada um, dá o seu melhor para adoçar o próximo.

Aprendi, uma vez mais, que não devemos julgar o que desconhecemos. Podemos não apreciar, mas nunca devemos julgar, sem experimentar. Basta, muitas vezes, mudar o cenário das nossas vidas, para que o enredo faça sentido.

Posso, agora em jeito de uma nova verdade para mim, dizer que foi uma doçura de Halloween.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Dezena da minha Vida.




Parabéns
, minha dezena mais querida de vida.
Hoje, neste marco importante das nossas vidas, tenho a dizer-te, meu filho:

- Agora que já não prestas atenção ao que te digo, eu gosto de ti;
- Agora que aumentas o volume do Michael (Jackson), para teres a desculpa de não me ouvires, eu gosto de ti;
- Agora que ainda me dás a face para receber o beijinho da despedida, mas já não retribuis com o teu, gosto de ti;
- Agora que chegas à mesa e só desdenhas o jantar que passei horas a fazer, gosto de ti;
- Agora que fazes eco das minhas repreensões e danças quando viro costas (sim, as mães sabem sempre o que se passa, mesmo de costas), gosto de ti. 

Sei que acabaste de entrar numa fase exigente para ti, que tentas testar limites, desafiar regras e, sobretudo, tentas impor a tua dezena de vida e os direitos adquiridos. Isso pode, muitas vezes, transformar-me num dinossauro aterrador, num Hulk intragável e no pior dos goblins dos teus jogos mas, adivinha meu Amor, mesmo nos nossos mais dificeis desafios, eu gosto de ti. E cada dia gosto mais. É o super poder das mães, o irrevogavel e incondicional poder de amar.

Força para esta nova era. Vou estar sempre aqui, e sempre a gostar cada vez mais de ti.
Mãe.

sábado, 23 de setembro de 2017

7. De amor cor-de-rosa.


Parabéns minha querida. 
E obrigada.
O aniversário foi teu, mas foste tu quem me presenteou. A tua frescura, alegria e doçura, neste dia em que o coração chamava mais pela saudade. A festa habitual cheia de familia e amigos, não aconteceu. E sei que as supresas improvisadas, que já não esperavas, te deixaram feliz, ainda que não disfarcem a memória das rotinas deste dia. A vida é assim, meu Amor, quase sempre imperfeita ou incompleta, mas carregada de muitos pequenos momentos perfeitos.
A tua súmula "I love you more and more", para um dia bonito mas incompleto, foi o meu presente, neste dia que é teu.
E eu amo-te mais. E mais. E mais.
Mamã.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Às vezes, mudar de vida.



Fomos só ali aos EUA, morar durante uma temporada. Já voltamos, sim?

*Sabemos que não nos despedimos, mas assim é melhor. Guardem os abraços e os beijinhos que ficaram por dar, para quando for para aí voltar. Os reencontros sabem bem melhor que as despedidas!

Até já!