quarta-feira, 8 de novembro de 2017
À árvore da vergonha.
Quando, ainda em Portugal, falávamos sobre novos amigos, nova escola, novas experiências, a MT dizia-me que, por não saber falar inglês, nem conhecer ninguém, iria procurar uma árvore, encostar-se nela e não falaria com ninguém. Reconheci-lhe logo o feitio torcido, mas igualmente a sua doçura e destreza inata, para conquistar pessoas. Talvez fosse apenas o meu desejo de mãe a querer antecipar-lhe o conforto, mas consegui visualizá-la na árvore, porém rodeada de amigos, purpurinas nas mãos e unicórnios fingidos no ar.
Passaram três meses de novo país, cerca de dois meses de nova escola. Entra no carro de sorriso rasgado, cheia de planos para o seu “playdate”, com uma das sua novas amigas.
Acho que a árvore da vergonha, afinal, vai sentir a sua falta.