sexta-feira, 4 de maio de 2018

Novas normalidades | New normatilites


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No que diz respeito a adaptação à mudança, as crianças revelam-se sempre uma extraordinária surpresa. Considerando os últimos meses da nossa vida, não me poderia sentir mais orgulhosa destes filhos que me acompanham.

Em pouco mais de um mês andámos de Portugal para Itália, Itália para os EUA, EUA para Portugal e, novamente, EUA, mas desta vez, para uma permanência mais prolongada e deixando tanto para trás.

Foram muitas histórias de infância empacotadas em caixotes de cartão, despedidas sofridas dos melhores amigos, horas de voos, esperas em aeroportos. Viveram num hotel, começaram um novo ano escolar numa língua desconhecida, provaram novas comidas, aprenderam novos costumes, experimentaram o peso da diferença, vestiram novas roupas, visitaram novos médicos, praticaram novos desportos, sentiram um novo clima e entenderam novas regras.

Tudo, em pouco menos de um ano de calendário, e com menos de uma década de vida.

Como estão? Estão normais. Numa sua normalidade que abrange tanto mais. Uma normalidade que lhes proporciona uma amplidade de experiências e conhecimento que deles faz seres humanos mais fortes e melhor preparados.

Hoje sei que, embora os desejasse sempre perto de mim, serão capazes de ser cidadãos do mundo e de viver onde quiserem, com todo o esforço, educação e respeito que isso implica.

O meu instinto quere-los sempre perto de mim, e que assim o fosse para sempre, mas sei que no dia em que assim não for, a minha razão diz estarão preparados para saber criar a sua nova normalidade.

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EN

In what concerns to life adjustments, children are always an extraordinary surprise. Considering the last months of our lives, I could not be prouder of these children of mine.

In just over a month we have moved from Portugal to Italy, Italy to the US, US to Portugal and again US, but this time for a longer stay and leaving so much behind.

There were lots of childhood stories packed in cardboard boxes, farewells suffered from best friends, hours of flight, airport waiting. They lived in a hotel, started a new school year in an unknown language, tasted new foods, learned new customs, experienced the weight of difference, changed into new clothes, visited new doctors, practiced new sports, felt a new climate and understood new rules.

Everything, in little less than a calendar year, and with less than a decade of life of age.

How are they doing? They are normal. But now their normality covers so much more. A normality that gives them a breadth of experience and knowledge that makes them stronger and better prepared as human beings.

Today I know that although I will always want them close to me, they will be able to be citizens of the world and live wherever they want with all the effort, politiness and respect that it demands.

My instinct wants them always close to me, and so it would be forever, but I know that on the day it is not so, they will be prepared to know how to create their new normality.