segunda-feira, 22 de junho de 2009

Não vale picar filhos!


Devia tornar-se regra. Nada de picadinhas, picas, picadas ou outros efeitos similarmente picantes provenientes de seringas nos nossos filhotes!

No espaço de uma semana o MM levou duas vacinas e fez análises ao sangue. Haja resistência suficiente do pequenino para ver tanta bata branca armadilhada com as mais pontiagudas ferramentas e, verdade seja dita, coragem de mãe para assistir a tal maldade, necessária (bem sei!).

A tortura começa logo na sala de espera, a ansiedade não mata mas mói. O ter que explicar a um filho que um mal é necessário, não é nada fácil. “Querido a seguir irás levar um pica, não vais compreender porquê mas é para teu bem…”, Pois, pois…

De seguida, a entrada na sala de tortura. O meu primeiro instinto é avaliar de alto a baixo o perfil de quem vai “mexer” no meu rebento:

- “Ok é mulher, melhor, mais sensível… Se tiver filhos irá colocar-se na minha posição e fazer os possíveis para não magoar o meu bebé. Ufa!
Espera, mas e se não? E se até nem gosta de crianças e está aqui com um processo disciplinar pois quer é ir para a microcirurgia?!?! Mau…”;
- Pede a proveta de 10 ml ao colega. 10 ml ?! Penso eu - “Mas é preciso tirarem tanto sangue ao meu filho? Sanguinários… Estarei atenta, nem 1 ml a mais!”
- “Acerte à primeira, por favor. Se achar que não consegue ou falhar a primeira tentativa, voltamos num outro dia ou faremos num outro sítio!” – Ultimato de mãe.

Começa. Eu seguro o bebé e acarinho-o muito tentando distraí-lo da realidade circundante, mas o maroto insiste em manter-se atento a todos os pormenores do processo. Se alguém fotografar aquele momento verá que a mãe durante alguns segundos fica sem pinga de sangue no rosto, porém a afirmar que está tudo bem (não se vão lembrar de lhe pedir para sair, isso é que não!).

1 segundo, 2 segundos, 3 segundos… Tanto tempo… “Já não chega ?!” – Penso…

"Parabéns Mãe, o seu bebé é um herói! Raros são os que se comportam tão bem. Assustado, muito aninhado na mãe mas sem soltar um ai! Parabéns!"

“Já está? Tem a certeza?” – pergunto.
“Sim mãe, já podem ir.”

Agarro no meu menino e num ápice já não nos avistam!
Entramos no carro, senta na cadeirinha, mete o cinto; senta a mãe, mete o cinto. Olho pelo retrovisor para o meu menino e ele sorri tranquilamente como quem diz “Já passou mamã…”. Aí eu penso, mas afinal, quem foi apoiar quem? :-)

És um herói Miguel Maria (não somente por esta mas outras ocasiões da mesma natureza) e com esses poucos centímetros de vida me enches diariamente de orgulho.

Ainda assim, Senhores Doutores, vale trocarmos as seringas por pomadinhas? Sim?