(Para a T.)
O que vou escrever tem por base a minha experiência e partilha de vivências de outras Mães que me rodeiam. Não sou médica, pelo que, não existe fundamento científico, somente empírico.
No momento em que somos Mães pensamos (tal como aconteceu durante longos nove meses de gravidez) que só queremos saber que o bébé está bem, é saudável e perfeito e, posto isso, tudo correrá bem. Esperamos pela apreciação do Pediatra na sala de partos para podermos descansar e começar serenamente uma nova etapa. Pois é... Ou seja, não, não é bem assim. Esse momento é somente o inicio de uma vida de reboliço emocional, nunca antes conhecido. Não há maior fonte de felicidade, para uma Mulher (ou maioria delas pois, é claro, existem legítimas excepções), que a maternidade, mas esta fonte é igualmente indissociável de angustia. O que quero dizer com isto é que, é absolutamente natural (fisiológico mesmo), que uma recém Mãe, embora tudo esteja perfeito tal como esperava, se sinta angustiada e, por achar que não existe motivo para tal, se culpabilize e entre em conflito interno. É normal, sim. Quase todas nós passamos por isso. Não somos malucas, não estamos desequilibradas mentalmente, mas passamos sim por um processo de desiquilibrio hormonal (que aos poucos regulariza e volta tudo ao que era) e somos confrontadas com uma realidade nova, somos Mães. E, também o processo da maternindade requer o seu tempo de racionalização e começa, antes de tudo, por ser instintivo, animal. É normal querermos ter a cria nos braços e nos incomodar que esta seja passeada por entre múltiplos e barulhentos colos desconhecidos; é natural que nos preocupemos com a sua alimentação pois é a nós que a Natureza delega essa tarefa; é compreensivel que nos angustiemos com o conceito de "morte súbita" e acordemos inúmeras vezes durante a noite para vermos se o bébé respira; É aceitável estarmos cansadas; É, acima de tudo, natural que precisemos de tempo para nos adaptarmos a tudo (à condição, à responsabilidade, aos horários, ao corpo, à cabeça). Mas, sim, estamos felizes. Muito felizes. Mais que nunca.
T., esta ansiedade e insegurança iniciais irão passar. Mas, atenção, a angustia, por menor que seja, agora irá acompanhar-te. É assim mesmo e é positivo. É sinal que criaste vinculo com o ser que geraste e, como tal, pelo incomensurável amor que lhe tens terás sempre um apertozinho no coração, ou porque tem febre, ou porque não come, ou porque os dentes ainda não nasceram, ou porque ainda não anda, ou porque não se adapta ao Colégio, ou porque vai sair à noite, ou porque conduz depressa, ou porque.... "Porques" que não acabarão mais. És Mãe, amas e, por isso, preocupas-te.
T., com o tempo, devagarinho, vais ganhando capacidade de encaixe. Da mesma forma que o teu corpo se adaptou a um ser dentro dele, também agora a tua cabeça se adaptará a gerir esta nova forma de Mulher que és.
E hoje é isto, a loucura da maternindade!
Um beijinho especial, T.