sábado, 5 de fevereiro de 2011

O sopro do Coração.


O Miguel Maria nasceu com uma cardiopatia. Embora seja devidamente acompanhado (ecocardiogramas a cada 9 meses), o Pediatra fica sempre algo desconcertado aquando da auscultação. Na última consulta referiu que a comunicação interventricular, nesta altura, já não iria fechar, pelo que, muito provavelmente seria necessário operar o coração do Miguel Maria.
- "Como ?!?!?!" - Questionei eu, quase em estado de sítio emocional.
- "É simples Mãe. Enfiamos um cateter no coração e fechamos aquilo. É claro que a criança leva anestesia geral. Entra num dia e, correndo tudo bem, sai no outro. Simples".

Simples. Para ele. Nada simples para mim. Imaginar o meu rebento numa cama de operações, a ser aberto para lhe mexerem no pequeno coração... Falamos de tudo menos de simplicidade.

Posto isto, o Pediatra pediu que o levassemos a um especialista que iria deliberar o avanço, ou não, para a cirurgia. E assim foi. E foi hoje. A cardiopatia mantém-se e viverá com ele, deverá continuar a ser vigiado (agora anualmente) e devemos tomar outras precauções  mas, devido à localização da abertura, não impõe a cirurgia.

E este sopro que me sopra de medo todos os dias, desde o dia em que ouvi na mesma frase "Miguel Maria", "Coração", "Cirurgia", tornou-se hoje um sopro de alívio. Um sopro que estará sempre presente e deverá ser respeitado, mas agora menos pronunciado.

E, por isto, tenho hoje o coração mais aliviado porque um dos corações que bate fora de mim, o do Miguel Maria, está mais sossegado e protegido.