Habituei-me à boa vida e a boa vida habituou-se a mim, e uniões destas deviam ser para sempre. Os compromissos devem ser levados a sério, e este não merecia menos. Habituei-me a acordar com um meloso e tardio “Mamã, mamã”, ao invés do estridente e madrugador “ti-ri-ri, ti-ri-ri” da Nokia. Habituei-me a comer pão quente de manhã, ao invés da primeira bolacha-chocolate-tosta-whatever que apanho na cozinha ainda escurecida na alvorada. Habituei-me a comer uma bola de Berlim com os pés enfiados na areia quente, ao invés de os escorregar nos monótonos embraiagem e acelerador. Habituei-me a dormir a sesta, ao invés das entediantes reuniões de última hora. Habituei-me a ver o meu filho crescer durante o dia, ao invés das rápidas e já cansadas horas de final de dia. Habituei-me a poder ter um jantar romântico (a dois – 2 – não a três) e saber que o MM estava em casa, feliz e contente. Habituei-me a caminhadas nocturnas premiadas com fartos, cremosos e saborosos gelados ao invés da gincana-dos-preparativos-para-o-dia-seguinte-antes-que-se-faça-tarde-e-durma-menos-de-6-horas! Habituei-me e gostei. Vou ficar assim. Pronto, fiquei. Mas espera, o que é isto que me salta à vista e me ofusca com um vigor cansativo e um som incomodativo? Um reminder para uma apresentação stressante daqui a 15 minutos? Bolas. Mexe-te miúda. Vai.
Habituaste-te? Desabitua-te!
Habituaste-te? Desabitua-te!