A Natal. Cheira-me a Natal. É impressionante, mas consigo superar as manobras de estímulo ao consumo das grandes zonas comerciais, que habitualmente montam o Natal em Outubro. Se sou precipitada? Acho que não, gosto é muito. E a minha mente consome analogias. Saio de casa e já sinto a brisa fresca a roçar a ponta do nariz, limpo o orvalho que adormeceu nos vidros do carro e faço essa marginal a presenciar o acordar indeciso do dia. E depois desta visão romântica acordo e estou no meio do trânsito! Machos que disputam a estrada entre si como quem mede o tamanho do nariz; casais virados cada um para seu lado a galar os condutores e penduras concorrentes; pais a malharem nos filhos e filhos a malharem nas PSP’s. Mas, nessa altura, volto a concentrar-me no meu cheiro a Natal e desligo-me das seriedades fastidiosas a que nos tentam obrigar. Dos multiformes e reluzentes faróis transponho-me para as semelhantes luzes que vão piscar na árvore e, no carro, meto um swing Natalício à laia de Michael Bublé. É, embrulhada neste espírito, que chego cá. Já me cheira, e cheira-me bem.
Isto é freak ? Não há problema. Encantada. Eu nem sou nada a romantismos mas, ao do Natal, não resisto.