Faz hoje uma semana que a Maria Teresa saiu da minha barriga e enriqueceu a minha vida.
Posso dizer que o trabalho de parto emocional se iniciou uma semana antes. Na 6ª feira, dia 17 de Setembro, quando o obstetra afirmou que, salvo novidades, o parto seria induzido na 5ª feira, dia 23, nesse preciso momento, o meu coração e a minha cabeça começaram a latejar. Foi uma semana de emoções fortes e díspares.
No dia 23, 5ª feira, às 08 da manhã, apresentei-me, com o pai, para fazer o check in e dar inicio à indução. Como afirmei, a minha cabeça já estava em trabalho de parto e o que sinto é que eu já estava numa outra dimensão. Temia muito mas ansiava tanto. Não me expressava muito, respirava fundo e, quando assim é, significa que já estou em contenção de nervos.
Fiz toda a preparação clínica e o obstetra deu o "GO". Faseadamente, estimularam-me manualmente o útero, administraram-me o gel, romperam-me as águas e apostaram forte na oxitocina. O pai transmitia uma calma aparente e dizia-me que tudo correria bem e mais rápido do que eu previa. Com algum desconforto mas ainda tolerável, coloquei a família a par (por sms) e conversei com o pai.
A diltação evoluía bem. E as contracções também. Deixei de ter tolerância para o telefone, para a TV e até me escaparam muitas tentativas de conforto do pai. Administraram-me a epidural e tudo voltou a parecer fácil. A dilatação continuava mas as dores sentia-as a meio (tal como é comum acontecer, a epidural não funcionou em uniformidade). Eram 12h30 e o efeito desfez-se por completo. Todo o pessoal médico que me assistia estava a almoçar. Foi uma hora e meia a torcer (literalmente) a camisa do pai. Ele bem me tentava dar a mão e dizer-me para respirar mas, a dor do meu útero a ser torcido era descarregada ao torcer a camisa dele.
Ao monitorizarmos o CTG apercebemo-nos que o coração da Maria Teresa começara a sofrer oscilações muito grandes. Fiquei assustada. Entretanto a Equipa regressou de almoço (13:50). O obstetra constatou o mesmo e decidiu agir. Ao fazer o toque verificou que ainda faltava para os 10 dedos de dilatação mas não poderíamos esperar mais. Ordenou a equipa que me levasse de imediato para o bloco para ser feita a cesariana, de emergência.
Os momentos seguintes foram muito aflitivos e angustiantes e, como tal, são para os deixar lá e não aqui.
Às 14:10 (somente 20 minutos depois de se ter detectado a possibilidade de risco), a Maria Teresa nasceu. Saudável, perfeita e muito amada.
Tudo ficara, entretanto, bem. Ao abrir o útero o obstetra deparou-se com todo o cordão umbilical (50 cm) enrolado a tapar a cara da menina, impedindo-a de respirar e gerando aquele ritmo cardíaco problemático. Ao ser feita a extracção, tudo ficou bem. Tudo ficou maravilhoso.
Consigo relatar detalhadamente todos os episodios desse dia, mas faltam-me as palavras para descrever o que é, pela segunda vez, receber um filho nos braços que nos sai da barriga, onde cresceu e se desenvolveu por 9 meses. Transcende qualquer minha capacidade de comunicação.
Tive desconforto, tive dores, tive medo. Sim. Mas digo que foi perfeito. Perfeito. Face ao retorno, afirmo até que foi fácil. Passaria por tudo, todas as vezes necessárias só para a ter comigo, aqui, agora e sempre.
O pai foi perfeito.
Insubstituivel.
O médico foi de um profissionalismo impar.
Este foi o segundo dia mais feliz da minha vida.
Dizer que foi uma experiência sublime, é pouco. Muito pouco